Opinión en Galicia

Buscador


autor opinión

Editorial

Ver todos los editoriales »

Archivo

A Pegada*

Rivero, Manuel - lunes, 26 de mayo de 2025
Cedendo á chamada do crepúsculo, cujo eco vem sendo, no mais fundo de nós, umha espécie de SOS lançado pola própia intimidade, abandonou o recanto da praia. Botou a andar, sem rumo fixo, pola areia.
Alonjou-se dos banhistas, dos meninhos que jogabam, infatigáveis; de toda aquela gente alegre e ruidosa que aproveitaba os últimos raios do sol, ou que recolhía, sem pressa, os restos da merenda e se dispunha a regressar á casa, despois dum día de descanso.
Caminhava cara o outro cabo do areal, lugar tranquilo e solitário á tardinha. Ao avançar sobre a areia molhada, escuitando a cantiga das ondas que, ás vezes, lhe lambian os pés, sentiu súbito um tralhaço no peito: aquela mágoa que lhe queimava a alma com frequência, aquel lume que produzia mais dor do que as feridas do corpo...
Era a evidência inegábel de toda umha vida inútil e vazia... Percebeu, com mais certeza do que nunca, o seu fracasso: A Galiza encadeada e gobernada por alheos... O povo afundido na miséria e sem conciência de seu... Os companheiros de luita já nom defendem os ideais comuns outrora; renunciarom a eles já hai tempo...
Nom fica pedra sobre pedra de tantas tarefas começadas com entusiasmo: vinherom-se abaixo como muros construídos sobre areia... Aqueles a quem quixo estám mui longe: vivos ou mortos tanto tem... Quanto esforço perdido... ¡Quantas horas roubadas ao sono...!Quantos riscos e sofrimentos... Para nada...!
A vida fora-se-lhe das maos como a maré quando baixa; mas a maré está sujeita a umhas leis que nom som as que regem as nossas vidas: inexoravelmente, na existência de cada home hai só umha preia-mar.
O peso da soledade e da própria existência faziam-se insuportáveis... Tremeu de medo e de angústia... Percebeu a chamada do mar através do cantar das ondas... Ficou imóvel, um instante, e volveu a cabeça devagar: a praia estava deserta; o sol, quase vermelho, afundia-se no mar; silêncio.
A última luz do día, sobre a areia, molhada, viu claramente a sua pegada... E seguiu avançando.

*María das Dores Arribe, debeu de escrever este texto, a finais do século XX ou comezos do XXI. Descreve trazos da sua soedade e tristeza, falando em terceira persoa, vai seguindo a chamada da morte, que se lhe aproxima.
Rivero, Manuel
Rivero, Manuel


Las opiniones expresadas en este documento son de exclusiva responsabilidad de los autores y no reflejan, necesariamente, los puntos de vista de la empresa editora


PUBLICIDAD
ACTUALIDAD GALICIADIGITAL
Blog de GaliciaDigital
HOMENAXES EGERIA
PUBLICACIONES