Poema de María das Dores Arribe ao seu pai*
Rivero, Manuel - lunes, 12 de mayo de 2025
Meu pai e companheiro
na loita proletaria..!
Com emoçóm eu lembro
aquelas noites, trágicas,
em que a febre da doença
e a morte, que rondava,
nublavam-che o espíritu
e crias que escoitavas,
mentres os mais dormiam,
tanger sinos, na alba,
se cadra, pressentindo
que ja por ti dobravam
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Essa grandeza tua,
de todos ignorada,
manifestou-se, reja,
na derradeira etapa
fingindo-nos que crias
tinha pouca importancia
o mal que te roía
e á terra te levava.
Nom nos deche, umha queixa
da tua dor amarga,
mantendo a tua angústia
silandeira, calada.
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Coidavas, no delirio,
que a hora ja chegara
e que cumpria erguermo-nos
toda a classe explotada
para quebrar cadeias
em loita organizada....
Que era aquel, o momento
com que tanto sonharas...
Por isso assim dizias
com lume na mirada:
Nena, a nossa vitória
vai ser muito sonada...!
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Sentado na cadeira
deste jeito falavas;
pola janela aberta
o ar frio penetrava;
eu tremia sentindo-o,
que sempre é fresca a alba,
e o teu peito, oprimindo,
todo o ar precisava,
que a doença, traidora,
a vida lhe roubava...
Ai! se dar-che eu pudera
alento...Nom finavas!
E passavam as horas
ti falando eu calada
pois dizer nom podia
a mais inxel palavra,
sem que as bágoas, aos olhos,
me subissem, da alma,
ao ver como morria
quem tanto a vida amava...
Acordavas, de súbito,
e vendo a minha mágoa
olhando-me dizias:
Deita-te!...estás cansada...
Sem parares um chisco
triste meninha
trabalhavas a reo:
classes, cocinha...
pois de todo fixeche
na tua vidinha;
de todo... agás um ninho
sempre soínha
dum lado para outro
ías e vinhas
ligeirinha, ligeira,
ás carreirinhas.
Tua mai ja o dizia.
"é umha andorinha".
*Enrique Arribe Lorenzo, faleceu en Ferrol o día 25 de setembro de 1976.
Rivero, Manuel
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