Tempos do Natal
Rivero, Manuel - lunes, 09 de diciembre de 2024
O Natal ten os seus tempos, modos e formatos, goza dun espazo privilexiado na creación literaria. As panxoliñas dos nosos e das nosas poetas, alcanzan un grao sublime de harmonía, beleza, métrica, sonoridade e dozura. Obras mestras, con diferenzas nalgúns aspectos da súa forma, en cambio, no fondo son idénticas; transmiten esa esencia, do traballo ben feito, que é capaz de crear unha atmosfera cálida, na que se respira paz e liberdade, énchenos de gozo e fainos soñar e fluír.
A min agrádame ler e reler, sosegadamente estas obras de arte. Textos que me permiten desandar o tempo, e revivir as panxoliñas que lle cantábamos ao neno Deus, cando era un adolescente, no lugar de Vilela da freguesía do Baño de Bande.
Nesta escolma de panxoliñas, contei coa axuda de José Martinho Montero, Pepe Boullosa e Manolo Regal.
Xosé Díaz Xácome: "Agasallo a Virxen e ó Neno"
"Un doce agarimo
a brincar no ceo:
A Virxen sorindo
anainaba ó Neno
Na frol do mencer
o gozo máis ledo:
A Virxem cantando
para adormecelo
Mollada da lúa
frolía un recendo:
A Virxen, soñando,
bicaba ó pequeno.
Ramom-Maria Valle-Inclán: "Sobre o sol e a lua"
Sobre o sol e a lua
voa um paxarinho
que leva uma rosa
a Jesus meninho.
Paxarinho louro,
gaiteirinho lindo,
canta-me no peito,
que o tenho ferido.
Canta-me no peito,
gaiteirinho lindo
que com Jesus falas
no teu assovio.
Pola manhã cedo,
lindo rouxinol,
hai na tua cantiga
orvalho de flor.
Orvalhinho fresco
nas palhas do dia,
orvalhinho, graça
da Virgem Maria.
Luís Amado Carvalho: "Chamai o luar labrego"
Chamai o luar labrego
pra que estê o val mais belido,
pendurai lumes de estrelas
nas revoltas dos caminhos,
pois dim que voltará ao mundo
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Houve sinaïs no céu,
mas o mundo endurecido
se não precatou ao olhá-las
de ter tudo apercebido:
o lume da sua estrela
ficou no céu esquecido,
e voltará só ao mundo
Nosso Senhor Jesus Cristo.
El veu para os que o chamaram,
el veu para os afligidos,
para os que não têm consolo
nem outro doce agarimo
que lembrar o que falou
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Estão os céüs de festa,
o vento canta amodinho
nas cordas dos pinheirais
e o mar devala a estantio
pra ouvir o que agora fale
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Petade forte na alma
e deixai que fale o espírito
acochado na sua cova
cousas que não sente o ouvido,
e acendei lumes de festa,
pois vem perto de caminho,
chegando está à nossa porta
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Sebastião Martínez Risco: "Nadalinha"
Uma pombinha ferida
foi ao portal a parar,
e ao ver no colo brilhar
da Virgem o sol da vida,
da sua dor esquecida
rompeu a arrolar tão leda
como quando na arvoreda
o dia vinha luzir.
(O neno deu em sorrir
e a mãe mirava-o, queda...).
Manuel Regal Ledo: "Un Nadal como o primeiro"
Un Nadal
simple e verdadeiro
como foi o primeiro.
Un Nadal
veraz e silandeiro
como foi o primeiro.
Un Nadal
solidario e fraterno
como foi o primeiro.
Un Nadal
de coidados e esmeros
como foi o primeiro.
Un Nadal
de inmigrantes espertos
como foi o primeiro.
Un Nadal
coa terra feita ceo
como foi o primeiro.
Un Nadal
de humanos e divinos enredos
como foi o primeiro.
Un Nadal
de regalo e misterio
como foi o primeiro.
Ricardo Carvalho Calero: "Natal"
O Neno Jesus nas palhas
é um sol com raiolas de ouro.
A estrela que veu de Oriente
baixa a bicá-lo nos olhos.
Ai, quem viu cousa parelha:
que o sol alume na noite?
As estrelinhas murchecem
ao brilhar da sua fronte.
Deus meninho, Deus meninho,
o teu abrente hoje é.
Na terra a tua mãe alegra-se,
no céu o teu Pai também.
As luzes de festa acende
Jesus no céu e na terra.
A Nossa Senhora veste
o manto azul com estrelas.
José-Martinho Montero Santalha: "Onde é que hoje nasces"?
Onde é que hoje nasces, meu menino amigo?,
onde tens agora o teu pobre abrigo?
Onde vens nascer por este Natal
após dois mil anos de bem e de mal?
Nasces outra vez numa terra alheia
esperando ainda que a gente te creia?
Nasces desta vez no mundo moderno
que goza da vida ansiando o eterno?
Nasces numa terra de mísseis e bombas
sonhando outra terra de danças e pombas?
Nos autos velozes da fulgente estrada?;
num povo oprimido que não pede nada?
Nas cores ruidosas de uma discoteca?;
no silêncio assíduo de uma biblioteca?
Na doce esperança de tudo o que é novo?;
na nova mensagem para um novo povo?
Nasces noutro mundo, de luz e violetas,
na estrela longínqua que tem dez planetas?
(Onde quer que nasças, nunca será tarde...
Quero estar na gente que ainda te aguarde.
Quem fosse outro mago, na noite marchando,
seguindo uma estrela, sem onde nem quando!...).

Rivero, Manuel