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Parlamento das Letras: Teresa Moure

jueves, 12 de julio de 2018
Parlamento das Letras: Teresa Moure Teresa Moure é un volcán literario. Magmática, impredicible e desmedida deixa escapar linguas de lava que erupcionan en prosas, poemas, pezas teatrais e ensaios sen solución de continuidade.

Selvática e irreductible, a súa escrita é unha aldea gala resistente contra o romano homoxeneizador: non se abaixa á burguesía bempensante, é politicamente incorrecta, disidente per se e provocadora á mantenta.

Todo nela é torrencial e vai pechando e abrindo diáclases nas que ecoan xenuínos desprazamentos de placas tectónicas: dunha escrita inicial punxente e reflexiva, de complexo balizado, ata outra incisiva, intervencionista e autenticamente pornográfica; dunha creatura en opción normativa institucionalizada ata a actual fervenza en galeguía.

Muller árbore, velenaria consciente, herdeira da palabra de Eva, natura política queer-endo sempre un mundo outro, nación ostracia e violadora de lobos feroces, o seu é acabar cos elefantes dos armarios, aprehender da enerxía que flúe entre Poder e Eros e percutir, estralar, rebentar, arrasar con calquera devasa mental e creativa: No limits, sempre e máis despois irreverente, provocadora, diversa como nestas súas palabras.

¿Cando, onde e da man de quen publicaches os teus primeiros textos?

Na adolescência ganhei alguns prémios de poesia e relato que foram editados em publicações excecionais e de pouca importância (algum, lembro, no programa dumas festas patronais). Depois, durante o período universitário decidi que não devia publicar Parlamento das Letras: Teresa Mourenada até estar certa de que era isso exatamente que queria escrever. Uma ideia (que eu achava foucaultiana na altura) que teve grande influência em mim ligava o ato de publicar com falta de autenticidade da escrita: adorava na altura a escrita privada, que achava singularmente subversiva.

Depois, um ano de sacudidas vitais fez com que decidisse participar em concursos; achava que o critério dum júri legitimaria o que escrevia. Aí chegou A xeira das árbores (2004), com o Lueiro Rei. Na realidade os 4 primeiros livros que publiquei foram ganhadores dos correspondentes certames.

―¿Cal das túas obras cres que foi mellor tratada e cal pasou máis desapercibida para o público e/ou a crítica? ¿Por que cres que recibiron ese trato desigual?

A minha obra melhor tratada, sem dúvida, foi Herba Moura. Chegava num momento em que a literatura galega estava muito recetiva a vozes femininas e contava uma história coral, de mulheres e histórica, o que permitia interpretações acordes com gostos diversos. Quanto a mais desconhecida, talvez seja A intervención, apesar de contar com tradução para o espanhol (Artes subversivas para cultivar jardines). Há um par de dias assisti ao lançamento dum livro doutra autora e no debate posterior várias pessoas participantes no evento comentaram isso. Penso que tinham razão. Talvez a causa seja que o tema ecológico é um dos que mais custa digerir socialmente.

―¿Tes algún hábito singular ou manía á hora de escribir?

Sou um animal de escrita; não preciso de nada para escrever. Mais bem, ao contrário, tenho a mania de escrever.

―Nunha antoloxía da nosa literatura recente, ¿ao pé de que autores/as preferirías figurar?

As antologias são assunto de quem antologizar, não? Seguramente, se aparecesse, seria no capítulo dedicado a “Elas”. E, ainda que estaria bem à vontade com as minhas companheiras, onde tenho grandes amizades e com quem partilho muitas energias e posicionamentos, eu própria e elas criticaríamos essa decisão de nos relegar ao esperável capítulo do feminino.

―Se tiveses que historiografar a túa propia traxectoria literaria, ¿que trazos salientarías?

Infelizmente, o meu percurso está marcado por uma decisão alheia ao facto literário. Em março de 2013 decidi escrever no galego internacional que estou a usar. Isso marcou um antes e um depois porque agora habito as margens. Espero que algum dia essa fronteira se apague e nesse momento poder responder a tua pergunta com motivos puramente literários. Por exemplo, eu observo que cada vez sou menos riquinha… É surpreendente isso, como acabamos por responder na nossa própria obra contra etiquetas que nos colocaram antes. E não falo só da crítica. Por exemplo, as diferentes edições em diversas línguas de A xeira das árbores, de Herba Moura ou de A palabra das fillas de Eva criavam uma imagem burguesa da voz autorial (gostava de flores e outras plantas, ia para a história passada como se tivesse medo a falar do atual, evitava os temas obscenos; era reivindicativa mas dentro duma medida). Nesse momento vi que devia controlar mais o processo de edição, que também somos lidas através da capa, do texto que a acompanha, do tipo de promoção em que participamos. E, claro é, aparecem as publicações mais comprometidas politicamente (O natural e político, Politicamente incorreta), mais dissidentes (Queer-emos um mundo novo, Ostrácia) ou mesmo com evocações pornográficas (Eu violei o lobo feroz), mas eu estaria contestando a uma simplificação prévia, porque eu sempre fui politicamente dissidente; não era uma novidade na minha biografia. Este último poemário, Eu violei o lobo feroz, marca para mim um ponto de inflexão independente do problema ortográfico: comecei a exteriorizar aí o relacionamento entre erótica e poder, que me vem ocupando estes anos. Para mim, Ostrácia e Um elefante no armário fazem parte do projeto literário que iniciei com Eu violei o lobo feroz.

―¿Que lecturas te acompañan decote ou a que escritores/as regresas con frecuencia?

Estou muito interessada em autoras contemporâneas como Audur Ava Olafsdóttir, Lena Andersson, Alexandra Lucas Coelho ou Verónica Gerber. Retratam tão bem o que eu sou que regresso com frequência às suas páginas, duma maneira quase obsessiva. Mas também há outro estilo de autoras e autores que me marcaram e que releio muito: Torrente Ballester, García Márquez, Margueritte Duras, Coetzee, Amin Maalouf…

―¿Que cres que lle falta aínda ás nosas letras e que lle sobra definitivamente?

Com as nossas circunstâncias sociolinguísticas, inevitavelmente falta normalidade. Com frequência, publicam-se textos para termos um exemplo de tal o qual género ou material para o ensino e isso implica obedecer o mercado e, aliás, um mercado minoritário e sujeito a uma competência feroz. Se a literatura for também arte, como eu penso, devemos aceitar que o ato artístico é irreverente, provocador e diverso. Eu diria que o importante não é que tenhamos obras de que gostemos; o ideal seria que tivéssemos muitas obras de que não gostássemos, mas não por serem pobres em qualidade, mas por não coincidirem com os nossos gostos. Isso seria um indicador de normalidade.

―Se soubeses que o teu tempo se esgota, ¿que non te perdoarías non deixar escrito?

Não me perdoaria sentar-me a escrever. O urgente seria despedir-me.

―¿Cal é a túa valoración do noso presente literario?

Sempre é difícil valorar o momento histórico em que estamos envolvidas. Demasiado. A literatura galega tem sido, e ainda é, um território de resistência, com muitas vozes interessantes e grande dificuldade para chegarem, para se fazerem eco. Acho que corresponde à crítica literária responder essas perguntas; as/os autoras/es temos a obriga ética e estética de contornarmos o imediato, de não opinarmos assim muito para simplesmente escrever, escrever, escrever. Daí, da conviccão nas próprias forças, do impulso criativo é que pode sair algo. Ou talvez não. Mas vale a pena tentar.

―Se desexas facer algunha outra consideración, túa é a palabra.

Quando leio uma entrevista que me fizeram sempre me encontro desagradável, defensiva. O género é difícil: nem imagino que alguém se interesse pelas minhas opiniões. Ou prefiro reservá-las para o universo do relacionamento privado, das pessoas íntimas que sabem que falo com a mão no coração e quase sempre com um excesso de intensidade. Não domino bem o registo público, nem gosto de dizer as frases esperáveis. Peço desculpa, portanto, por não saber responder melhor a esta tua gentileza de me perguntar publicamente. Mas agradeço.
Requeixo, Armando
Requeixo, Armando


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