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A Xanela
Primavera 2002
º
Poema III
Da seda verde das estevas
aos exotismos de cânfora
se vai tecendo com
fios de pura água
a manhã de todos os poemas.
Nas tépidas madrugadas e
Nas tardias horas do sol
amadurece o beijo
sob o dolente aroma
das flores do jacarandá.
De uma e outra onda
beberás a rebelde espuma
envolta em limos e areia
gaivota sem mar nem rota
eterna voadora contra o vento.
Margarida Parreira Alves
Poema elementar
Os vermes são seres puríssimos de Deus.
Transforman a degradação do que já passou
En terra ventilada e aérea, com o seu bailado
de sinxelas formas desconhecidas, pois os homens
Olham apenas o que parece visível.
Quando passarmos por um verme ou um insecto
Devemos desviar-nos, pois são sagrados.
E fazem criar e crescer sempre as flores
Do arco-íris das primaveras infinitas.
Fernando Botto Semedo
DESCONHEÇO esta terra
(uma lágrima, do lado esquerdo?
uma fronteira - do outro lado do telefone?)
conheço porém, sem conhecer,
algumas ruas (sem nome)
uma fonte
dois homens às seis da manhã
caminhando para o campo
- as mulheres no largo
debulhando feijão
(o interior
alimenta nos dias mais frios)
é dificil trazer no autocarro
a imagem (a linguagem)
da terra
- os sacos são sempre pequenos
para o calor que procuramos resguardar
nesta noite um nome nos basta
uma palavra
transforma a paisagem
como un elevador,
subindo sempre
Ruy Ventura
Ilustración
:
OLAIA
LETRAS DE PORTUGAL